A Tegra Incorporadora, parte do grupo Brookfield, tem se destacado na construção civil ao integrar práticas de sustentabilidade, emitindo R$ 587 milhões em títulos verdes desde 2016, incluindo o primeiro CRI Verde do Brasil, e atendendo à demanda por empreendimentos certificados como “verdes”, consolidando sua posição como líder em práticas sustentáveis no país.
A transformação da Tegra Incorporadora é um exemplo notável de como a sustentabilidade pode ser integrada ao setor da construção civil. Com um foco renovado em práticas de ESG, a empresa conseguiu captar meio bilhão em títulos verdes, refletindo uma mudança significativa em suas operações.
A Transformação da Tegra Incorporadora
A Tegra Incorporadora, parte do grupo canadense Brookfield, vem passando por uma transformação significativa nos últimos anos. Tradicionalmente conhecida por seus projetos de alto padrão, a empresa decidiu, em 2016, revisar suas práticas com um foco em sustentabilidade. Essa mudança começou com um exercício de autorreflexão que levou à criação de uma política estruturada de ESG (Ambiental, Social e Governança).
Um dos primeiros passos foi a adesão a certificações internacionais, que ajudaram a Tegra a alinhar suas operações a padrões globais de sustentabilidade. A partir daí, a empresa começou a emitir títulos verdes, com a primeira captação significativa de R$ 587 milhões, destacando-se no mercado financeiro. Essa iniciativa não só reforçou seu compromisso com a sustentabilidade, mas também atraiu investidores que buscam projetos com responsabilidade ambiental.
O diretor de construção da Tegra, Fabio Almeida de Barros, enfatiza que a sustentabilidade deixou de ser um diferencial para se tornar uma expectativa entre os consumidores de média e alta renda. Ele afirma: “Para o público de média e alta renda, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma expectativa”. Essa mudança de mentalidade é crucial para o futuro da empresa e do setor como um todo.
A Tegra, portanto, não apenas se adaptou às novas demandas do mercado, mas também se posicionou como uma líder em práticas sustentáveis dentro da construção civil. Com um compromisso firme em reduzir suas emissões de carbono e promover um ambiente construído mais saudável, a empresa está pavimentando o caminho para um futuro mais verde.
O Processo de Emissão de Títulos Verdes
O processo de emissão de títulos verdes pela Tegra Incorporadora foi um marco significativo na sua trajetória em direção à sustentabilidade. Em 2022, a empresa deu um passo importante ao emitir R$ 265 milhões em debêntures verdes em parceria com o Bradesco. Essa operação foi pioneira entre incorporadoras de médio e alto padrão no Brasil e foi certificada por uma consultoria especializada em ESG.
O diferencial dessas debêntures em relação às convencionais reside na destinação dos recursos, que são destinados exclusivamente a empreendimentos com certificação ambiental AQUA-HQE. Essa certificação é um selo internacional que garante que os projetos atendem a rigorosos critérios de sustentabilidade, assegurando que os investimentos sejam aplicados em iniciativas que realmente fazem a diferença.
Em 2024, a Tegra repetiu o sucesso ao estruturar o primeiro CRI Verde do setor de construção civil no Brasil, em colaboração com o banco BV. Essa nova emissão atraiu 376 investidores individuais, além de dois fundos de investimento e duas instituições financeiras. O processo incluiu uma auditoria externa especializada em verificação de ativos sustentáveis, garantindo a transparência e a credibilidade do investimento.
Além das captações via mercado de capitais, a Tegra também se destacou na viabilização dos primeiros financiamentos verdes via SFH (Sistema Financeiro de Habitação) com grandes bancos, como Itaú, Banco do Brasil e Bradesco, entre 2022 e 2023. Esses financiamentos incorporam exigências e metas relacionadas à sustentabilidade ambiental, ampliando ainda mais o impacto positivo da empresa no setor.
Desafios e Oportunidades no Setor de Construção
O setor de construção civil enfrenta uma série de desafios e oportunidades em sua transição para práticas mais sustentáveis. Historicamente, esse setor tem sido associado a impactos ambientais significativos, contribuindo com mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelas atividades humanas, conforme apontado pelo Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática (MMA).
Um dos principais desafios é a redução do consumo de energia e materiais de alto impacto ambiental. Para isso, as empresas precisam adotar práticas de gestão ecológica da água e de resíduos, além de melhorar a qualidade do ambiente construído. A escassez de recursos e a pressão por soluções mais verdes exigem inovação constante e a adoção de tecnologias que minimizem o impacto ambiental.
Por outro lado, as oportunidades são vastas. Com a crescente demanda por empreendimentos certificados como “verdes”, empresas que investem em sustentabilidade podem se destacar no mercado. A valorização de materiais naturais e pouco processados, como terra crua, palha, pedra e bambu, é uma tendência que pode reduzir custos e melhorar a eficiência dos projetos.
Além disso, a pressão por práticas sustentáveis está se intensificando, com consumidores e investidores cada vez mais exigentes. Empresas como MRV, Mitre, Cyrela e Gafisa estão se movimentando nesse sentido, integrando a sustentabilidade em suas operações e produtos. A presença dessas empresas no Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISE) 2025 da B3 demonstra que o setor está se adaptando às novas exigências do mercado.
O executivo da Tegra, Fabio Almeida de Barros, ressalta que, embora o processo de implementação de práticas sustentáveis não seja simples, ele não exige grandes investimentos iniciais. “Não foi ciência espacial. Não colocamos R$ 300 milhões nisso. Foi devagar, com grupos de trabalho, comitês, e hoje temos um monte de coisa legal na mão”. Essa abordagem gradual pode facilitar a adoção de práticas ESG, especialmente para empresas menores que têm mais flexibilidade para integrar a sustentabilidade em seu DNA.
FAQ – Perguntas frequentes sobre a transformação da Tegra Incorporadora
O que são títulos verdes?
Títulos verdes são instrumentos financeiros destinados a financiar projetos com benefícios ambientais, como a construção de edifícios sustentáveis.
Como a Tegra Incorporadora começou sua jornada de sustentabilidade?
A jornada de sustentabilidade da Tegra começou em 2016 com um exercício de autorreflexão e a criação de uma política estruturada de ESG.
Quais certificações a Tegra obteve?
A Tegra obteve a certificação AQUA-HQE, que garante que seus projetos atendem a rigorosos critérios de sustentabilidade ambiental.
Quais são os principais desafios enfrentados pelo setor de construção?
Os principais desafios incluem a redução do consumo de energia e materiais de alto impacto ambiental, além da gestão ecológica da água e dos resíduos.
Quais oportunidades existem para empresas sustentáveis no setor de construção?
Empresas sustentáveis podem se destacar no mercado, especialmente com a crescente demanda por empreendimentos certificados como “verdes”.
Como a Tegra está se destacando no mercado financeiro?
A Tegra se destacou ao emitir títulos verdes e captar recursos significativos, além de viabilizar financiamentos verdes via SFH com grandes bancos.