Os setores de educação, papel e celulose, e construtoras são vulneráveis em ciclos de alta da Selic, enfrentando desafios como desconfiança do mercado e altas taxas de endividamento, com empresas como Cogna e Yduqs apresentando quedas acentuadas. O setor de papel e celulose, com empresas como Suzano e Klabin, mostra desempenhos mistos, enquanto as construtoras estão se adaptando para melhorar suas margens. Apesar das dificuldades, existem oportunidades de valorização a longo prazo se fatores macroeconômicos favoráveis se concretizarem.
Os setores que vão mal em ciclos de alta da Selic são um tema de grande relevância para investidores. Neste artigo, vamos explorar como a alta dos juros afeta diferentes áreas da economia e quais setores devem ser evitados.
Setor de Educação
O setor de educação está enfrentando um momento crítico, especialmente em 2024. As ações de empresas como Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) caíram drasticamente, com perdas de 55,65% e 48,99%, respectivamente. Essa desvalorização reflete a desconfiança do mercado em relação a essas instituições, que dependem fortemente de financiamentos e, portanto, são muito impactadas pela alta dos juros.
Com a Selic em alta, o custo do crédito aumenta, o que pressiona ainda mais as margens dessas empresas. Além disso, a concorrência crescente e a necessidade de investimentos em tecnologia tornam o cenário ainda mais desafiador. Segundo Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, empresas como Ser Educacional (SEER3) e Cogna estão tentando adotar estratégias proativas, como recompra de ações e aumento da participação de membros do conselho, para sinalizar confiança na recuperação futura.
Desafios e Oportunidades
Embora essas ações possam ajudar a limitar a queda, o nível de endividamento ainda é considerado alto para o setor. Matheus Nascimento, analista da Levante Inside Corp, ressalta que, apesar de um cenário de desemprego menor que pode reduzir a inadimplência e a evasão, a tendência é de cautela enquanto o cenário monetário se mantiver restritivo.
Assim, o setor de educação continua sendo um dos mais vulneráveis em tempos de aperto monetário, e investidores devem estar cientes dos riscos associados ao investimento nesse segmento.
Setor de Papel e Celulose
O setor de papel e celulose é representado por empresas como Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11) e a small cap Irani (RANI3). Em 2024, observou-se um comportamento misto entre essas empresas, com a Suzano apresentando uma queda de 1,2% e a Klabin uma alta de 11% no mesmo período.
O primeiro semestre trouxe uma alta no preço da celulose, o que ajudou a sustentar as ações dessas empresas, mas as perspectivas não são totalmente positivas. João Abdouni, analista da Levante, aponta que a Suzano se destaca por ter um custo de produção menor, o que a torna uma opção mais atrativa. No entanto, a Klabin também é vista com bons olhos, mesmo diante do histórico de dificuldades em ciclos de alta da Selic.
Desafios e Oportunidades
É importante mencionar que, segundo um relatório do Goldman Sachs, a demanda da China pela celulose deve ser monitorada de perto. A desaceleração da economia chinesa pode impactar negativamente as ações do setor no Brasil, uma vez que a China é um dos principais consumidores de celulose. Portanto, enquanto o setor mostra sinais de recuperação, os investidores devem estar atentos às dinâmicas de mercado e às tendências econômicas globais.
Em suma, o setor de papel e celulose apresenta oportunidades, mas também desafios, especialmente em um ambiente de juros elevados. A análise cuidadosa das empresas e do mercado global é essencial para tomar decisões informadas sobre investimentos nesse segmento.
Setor de Construtoras
O setor de construtoras frequentemente é mencionado como um dos segmentos a ser evitado em ciclos de aperto monetário. No entanto, mesmo diante dos desafios impostos pela alta da Selic, algumas empresas ainda atraem a atenção de analistas e entram nas carteiras de recomendações das corretoras.
Especialistas acreditam que o setor está aprendendo a se adaptar a um ambiente de juros mais altos. Isso se reflete em práticas como a redução de custos para aumentar as margens. Um exemplo disso é a diminuição do investimento em comissões, o que tem gerado um movimento de vendas mais orgânico, beneficiando as margens das empresas. Felipe Mesquita, analista do BB Investimentos, destaca que essa estratégia é crucial em tempos desafiadores.
Desafios e Oportunidades
Entretanto, a performance das construtoras ainda não é satisfatória. Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante, menciona que as empresas enfrentam balanços alavancados e uma falta de vendas, além de um ciclo de mercado desfavorável. Apesar disso, ele acredita que vale a pena considerar investimentos em empresas como EzTec (EZTC3), Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3), pois há fatores macroeconômicos favoráveis que podem surgir e impulsionar a valorização dessas empresas no longo prazo, especialmente com a expectativa de uma melhora no crédito.
Assim, enquanto o setor de construtoras enfrenta dificuldades em um cenário de alta de juros, a adaptação e as estratégias proativas podem oferecer oportunidades para investidores que buscam um potencial de valorização a longo prazo.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre Setores em Ciclos de Alta da Selic
Quais setores estão mais vulneráveis em ciclos de alta da Selic?
Os setores de educação, papel e celulose, e construtoras são os mais vulneráveis, enfrentando desafios significativos devido ao aumento dos juros.
Por que o setor de educação tem tido um desempenho negativo?
O setor de educação enfrenta desconfiança do mercado, alta de endividamento e concorrência crescente, resultando em quedas acentuadas nas ações.
Como a alta da Selic afeta as construtoras?
A alta da Selic aumenta os custos de financiamento, o que pode dificultar a venda de imóveis e impactar negativamente as margens de lucro das construtoras.
Quais empresas se destacam no setor de papel e celulose?
As principais empresas do setor incluem Suzano, Klabin e Irani, com a Suzano se destacando por seu custo de produção mais baixo.
O que os investidores devem considerar ao investir em construtoras?
Os investidores devem avaliar as estratégias de adaptação das construtoras e os fatores macroeconômicos que podem impactar a valorização no longo prazo.
Qual é a perspectiva futura para o setor de educação?
A perspectiva é cautelosa, pois as empresas ainda lidam com altos níveis de endividamento e um cenário monetário restritivo.